Esses dias no avião estava lendo um dos meus interessantes livros sobre gestão no contexto contemporâneo. O livro, “Leading in a Culture of Change” ou algo como “Liderar numa cultura de mudanças” do sábio Professor Michael Fullan.
E de repente, entre um gole d’água e outro, eis que me deparo com a seguinte frase “quanto mais complexa for a sociedade, mais sofisticado precisam ser os líderes”.
Parei, fiquei pensando primeiro o que torna a sociedade complexa. Claro, primeiramente veio a onda ESG, os desafios da diversidade, a necessidade da segurança psicológica na humanidade, os dilemas do mundo VUCA, a inteligência artificial, a política e as influências nos povos e mercados… tudo o que o complexo pode trazer.
Engoli a água e depois pensei: o que é ser sofisticado? Falar idiomas? Ter feito grandes cursos? Ter um background incrível de experiências profissionais? Um currículo invejável? …Pensei, nada disso.
Sofisticação é simplicidade.
Sofisticação é conectar-se com o que perdemos ao longo de uma jornada ambiciosa dentro das empresas de competição, egocentrismo e estrutura de poder.
Sofisticação é poder entender o mundo com os olhos de quem não sabe nada, de quem aprende sempre, pergunta, questiona as próprias crenças, respeita opiniões diferentes e a partir das próprias falhas aprende com seus erros e inspira pessoas pelo simples fato de sonhar e ser determinado a alcançar resultado através de outras pessoas.
Sofisticação é poder se assumir HUMANO.
Líderes do contemporâneo somente conseguirão trabalhar com os dilemas do mundo atual quando conectarem-se com sua própria essência e entenderem que os desafios estão nas pessoas e na habilidade em as tratarmos com respeito, singularidade e sabedoria.
Fullan aborda a necessidade de líderes “sofisticados” que saibam lidar com comunidades complexas. Não há mais espaço para “comando e controle”, “liderança centralizadora”, “gestão superficial”. O líder do contemporâneo precisa lidar com temas complexos e entender que as variáveis são muitas, incluindo as necessidades individuais das pessoas e equipes.
Líder bom começa com a simplicidade de ouvir e compreender, primeiro.
Ou como diria meu tio Davi que viajou o Brasil a fora conhecendo tudo quanto é tipo de gente: “Lorena, minha filha, a simplicidade é a verdadeira elegância do homem”.
E meu avião foi pousando…e minhas ideias aterrizando em um espaço onde a cada dia preciso ser mais sofisticada: estar aberta a ouvir e compreender, sem deixar de ser.